A
Conversăo de John Harper
Ele
nasceu em Houston, Renfrewshire, no dia 29 de maio de 1872, e foi no
último domingo de março de 1886, quando tinha treze
anos
e dez meses de idade, que aceitou Jesus. Ele nunca foi um rapaz de
confusăo. Sua juventude desde a pré-adolescência foi moldada e
protegida por sua fé no Senhor Jesus Cristo. O amor de Deus foi
derramado no seu coraçăo, e permeou sua vida completamente,
formando seus pensamentos, induzindo à açăo no momento certo, e
preservando-o do mal que está neste mundo. Foi através de Joăo
3.16: "Porque
Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para
que todo o que nele crê năo pereça, mas tenha a vida eterna",
que
o caminho da salvaçăo ficou claro no seu coraçăo e na sua mente.
Esse tem sido o meio de iluminar multidơes. Foi o que o iluminou, e
o libertou do medo. "O
perfeito amor lança fora o medo".
Ele
recebeu a verdade por amá-la, e a verdade o libertou. Nas palavras
esclarecedoras daquele texto, ele viu Jesus como a dádiva de Deus
oferecida ao mundo inteiro, e, portanto, para ele corno habitante
deste mundo. Ele recebeu essa dádiva com açơes de graça, e uma
nova vida começou.
Aqueles
que dirigiam o culto em que ele aceitou o Salvador foram abençoados
com muitas conversơes, mas convertidos como John Harper săo raros.
As vezes há grande júbilo e muitos aleluias quando um pecador
notório se converte, mas, infelizmente, muitas vezes a alegria dura
pouco. Algumas pessoas por quem houve muito regozijo, mais tarde
provaram ser pouco confiáveis.
Năo
se sabe se houve alegria especial quando o menino do interior aceitou
Jesus naquela noite, mas depois que recebeu a Palavra, ele a guardou
num coraçăo sincero, e mais adiante deu frutos com paciência. A
palavra de Joăo 15.16 poderia se referir a ele: "eu
vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto,
e o vosso fruto permaneça".
Năo
é necessário que os homens tenham se afundado no pecado para terem
utilidade especial para Cristo depois que a graça redentora de Deus
os tenha alcançado. No exercício do seu ministério público, o Sr.
Harper jamais se afastou de Deus caindo profundamente em pecado.
Contudo, ele foi o instrumento de Deus para levar ao Salvador muitos
que estavam totalmente extraviados. Desde o começo ele foi
claramente, pela vontade de Deus, "um vaso para honra,
santificado, e adequado para o uso do Mestre".
E
para o louvor do Senhor que Deus pode e consegue mudar as vidas de
homens degradados e infames, dando-lhes um lugar de honra e distinçăo
na Sua obra. Mas as açơes malignas deles antes da conversăo, às
vezes, săo uma armadilha para eles depois da conversăo, ao invés
de um auxílio no serviço para Cristo. Uma vida pura antes da
conversăo é um recurso valioso.
A
Herança de Pais Tementes a Deus
John
Harper nasceu e foi criado num lar cristăo, como será relatado mais
tarde neste livro. Seus pais. pobres neste mundo, eram herdeiros do
Reino que Deus prometeu aos que O amam. Quanto mais lares cristăos,
melhor, năo só para a igreja, mas para a naçăo também. Ser
criado no cuidado e conselho do Senhor, num ambiente de oraçăo e de
reverência à Palavra de Deus, é ser selado na juventude com marcas
que săo de grande valor, apesar de ocasionalmente os resultados
esperados demorarem a aparecer.
Ser
criado no temor de Deus é uma herança de valor inestimável. Apesar
de ter sido num domingo à noite em março de 1886 que o menino de
quase quatorze anos aceitou a Cristo, havia todas as marcas dos anos
anteriores guardadas na sua mente jovem. Năo foi em văo que ele
ouviu durante esses anos marcantes as oraçơes e súplicas de seu
pai e a exposiçăo da Palavra de Deus naquele lar simples. A lenha
foi colocada na lareira do seu coraçăo, e eis que naquela noite de
domingo uma fagulha de amor divino caiu sobre ela, e a chama se
acendeu.
Uma
Experiência Marcante na Vida de Harper
Durante
os quatro anos que se seguiram năo houve nada de especial sobre ele,
pelo menos nada que previsse a grande utilidade que marcaria sua vida
futura. Ele ia freqüentemente às reuniơes bíblicas que eram
realizadas com entusiasmo por alguns jovens da vila, com a ajuda de
pastores de outros lugares. Ele ficou livre de amizades
comprometedoras, e firmou-se na fé moderadamente e sem ostentaçăo.
Mas
depois de quatro anos e quatro meses, quando tinha acabado de fazer
dezoito anos de idade, ele passou por uma experiência maior. O
crescimento é uma lei do Reino de Deus. As vezes é bem devagar e
quase imperceptível. Outras vezes é espantosamente rápido. Alguns
homens crescem mais numa hora de temor perante as coisas de Deus do
que outros que levam anos para crescerem. Seja qual for a nova
experiência, é sem dúvida o Espírito de Deus agindo para o
crescimento em graça, levando a alma a um espaço mais extenso,
ampliando o horizonte, clareando a visăo, implantando ideais mais
nobres.
Uma
Visăo de Esperança
Foi
no ano de 1890 que John Harper teve a conscientizaçăo que o selou
para o ministério público. Ele estava em casa sozinho num sábado à
tarde no mês de junho. Ao redor da sua casa na vila, a natureza
estava exuberante. Junho é o rei dos meses de verăo na Escócia. As
flores desabrochavam. Os pássaros cantavam. O sol brilhava. Mas
enquanto outros jovens deviam estar passeando nos campos verdes ou
pelos riachos, dentro daquela casa na vila o Espírito de Deus levava
um jovem a pastos verdejantes e águas de descanso.
Uma
clareza arrebatadora foi dada a ele, quase devastadora na sua
intensidade, na qual ele viu e sentiu como nunca havia sentido antes
o propósito de Deus na Cruz de Cristo. No amor de Cristo pelos
homens como visto no Calvário ele admirou, de forma mais completa,
uma porta de esperança aberta para um mundo pecador, e juntamente
com essa revelaçăo nova ele sentiu que Deus o chamava, e
entregava-lhe uma parte no ministério de reconciliaçăo. No dia
seguinte seus lábios estavam abertos. Assumindo sua posiçăo na rua
da sua cidade natal, ele começou a compartilhar um apelo fervoroso
para que os homens se reconciliassem com Deus.
Um
Pastor Sem Curso Teológico
Toda
instruçăo que ele recebeu foi obtida no colégio na sua cidade
natal, e como muitos outros rapazes ele năo se entusiasmava com a
escola. Ele estava ansioso por trabalhar, pensando como outros da sua
idade que o trabalho é sinal de maturidade. Além disso, tudo que
podia ganhar era necessário em casa. Logo que pôde sair da escola,
suas măos estavam ocupadas com o trabalho. Ele trabalhou com
jardinagem por um tempo, mas estava empregado numa fábrica de papel
quando teve a maravilhosa experiência e o chamado para o ministério.
Nenhuma
universidade jamais teve a oportunidade de moldá-lo. Ele foi
treinado pela măo de Deus para o ministério, năo tendo freqüentado
curso teológico formal. Talvez isso tenha diminuído seu "status"
aos olhos de alguns, mas năo diminuiu seu zelo pelo bem-estar moral
e espiritual do seu próximo. E, afinal, năo é o que o homem
adquire com a escolaridade, mas o que o homem realiza que tem valor
entre homens justos.
A
Palavra de Deus era Sua Doutrina
Ele
tinha uma mente organizada, o que ficou mais evidente com o passar do
tempo, e era um estudante dedicado de obras teológicas. Quando
jovem, absorveu muito da doutrina calvinista, mas do tipo muito
rígido e restrito. Porém, à medida em que cresceu em graça e
conhecimento, sua mente se expandiu, e năo teve dificuldade em crer
em qualquer verdade ou sistema de doutrina que tivesse base bíblica.
Ele adotou e seguiu a Soberania Divina e o Livre Arbítrio como esses
termos săo entendidos popularmente, acreditando que eram baseados na
Palavra de Deus. Dizia năo saber explicar como eles co-existem, e
năo discutia sobre esses termos, reconhecendo, como os homens mais
sábios e dedicados de todas as geraçơes, que eles săo assuntos de
fé e năo de debate.
Ele
era um estudante zeloso da Bíblia. Lia a Escritura Sagrada. Meditava
nela. Usava qualquer comentário que pudesse esclarecê-la, ou que o
ajudaria a aprender com ela. Submeteu-se à sua autoridade.
Interpretou-a. Poucos podiam usá-la melhor que ele "para
o ensino, para a repreensăo, para a correçăo, para a educaçăo na
justiça". Aceitava
qualquer forma de doutrina encontrada nela. Fazia isso com
persistência. Apegava-se a toda instruçăo que ela lhe dava. Ele a
amava como à sua própria vida. Toda doutrina que năo se encontrava
nas Escrituras Sagradas, năo importava quăo bem apresentada, nem
por quem fosse proclamada, năo era aceita por ele. "Assim diz
o Senhor" era
o seu lema.
Ele
se firmava na rocha da revelaçăo. As teorias dos homens eram areia
para ele. A Palavra de Deus era rocha. Sempre provava seu valor, e
năo se envergonhava de declarar sua fé nela. Sempre citava textos
de forma impressionante, e os homens lembrariam do texto sobre o qual
tinha pregado mesmo que năo se lembrassem de mais nada.
Um
homem de negócios em Glasgow lembra-se de vê-lo num salăo em
Kilbarchan há cerca de vinte anos atrás citando 1 Joăo 1.7: "E
o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado". As
palavras "todo pecado" foram repetidas por ele três vezes,
cada vez com maior ênfase. "Há algo nisso, rapaz", o
senhor disse para si mesmo. Certamente havia, e no tempo determinado
esse "algo" foi visto.
Qualquer
Esquina Era Seu Púlpito
Quando
Deus precisa de um homem para o Seu serviço Ele sabe onde
procurá-lo. Ele observa o campo. Ele vê a necessidade. Ele escolhe
o homem. Ele chamou Eliseu do arado, Amós do rebanho. Pedro do barco
de pesca nas margens do Mar da Galiléia, e John Harper da indústria
de papel. E quando Deus coloca um homem num cargo, ninguém pode
"demiti-lo". Um lugar será encontrado para ele quando o
dom e o chamado de Deus se manifestarem, e se năo houver lugar para
ele na igreja até que seja provado, testado e confirmado, Deus
encontrará para ele um local de serviço para manifestar Seu chamado
divino.
No
serviço de Deus os cooperadores săo sempre necessários, homens que
estejam dispostos a trabalhar e sofrer, gastar e serem gastos,
suportar repreensăo e passar por dificuldades como bons soldados de
Jesus Cristo. John Harper era um cooperador — um cooperador de Deus
(1 Coríntios 3.9), um homem que se dedicava de coraçăo, alma,
força e mente a todo serviço que prestava. No inicio da sua
carreira năo sonhava com o púlpito da igreja. Se visse uma esquina
vazia, seja qual fosse o lugar, ele a enchia de ouvintes. Esse era o
seu púlpito, e fazia proveito dele. Por toda a regiăo onde vivia,
depois de receber o revestimento especial de poder do alto, saiu
pregando a história da graça redentora. Bridge-of-Weir, Kilbarchan,
Elderslie, Johnstone, Linwood., e outros lugares o encontravam à
noite depois do dia de trabalho terminar, proclamando com esperança
vigorosa a história do amor de Deus aos homens. Seu coraçăo estava
incandescente. Uma coisa ele fazia entăo, e a fez até o fim — ele
se esforçava para trazer homens do pecado para Deus.
Essa
é uma obra que deve continuar, "a história deve ser
proclamada." Os que estăo afastados do Senhor devem ser
encontrados, avisados, convidados, e convencidos a abandonar o pecado
e seguir a Cristo. Se um dos servos de Deus é levado, alguém deve
estar atento ao chamado divino para se apresentar e preencher o
espaço vazio. Năo para servir necessariamente na mesma área, mas
para manter o testemunho vivo. O número de testemunhas năo deve
diminuir. Hoje o mundo precisa do Evangelho tanto quanto antes. O
coraçăo de Deus bate tăo forte quanto antes. O sangue de Jesus é
tăo eficaz quanto antes. O Espírito de Deus está tăo presente
quanto antes, mas infelizmente deve estar tăo entristecido que o Seu
poder é menos evidente do que deveria ser. Haverá trabalho enquanto
é dia. Este é o dia da salvaçăo. A noite vem, em que nenhum homem
poderá trabalhar.
"É
Maravilhoso Ser Enviado de Deus"
Depois
de cinco ou seis anos de dedicaçăo, serviço evangelístico
constante, esforço na fábrica durante o dia e à noite nos
distritos rurais em redor convidando homens a se prepararem para o
encontro com Deus, o reverendo E. A. Carter da Missăo Pioneira
Batista de Londres "descobriu" o jovem pregador e o liberou
para dedicar todo o seu tempo e toda a sua energia à obra que tanto
amava. Com o patrocínio da Missăo, uma obra Batista foi iniciada em
Govan, um dos subúrbios de Glasgow, onde havia bastante espaço para
um trabalho ativo.
Durante
algum tempo, cultos evangelístícos foram realizados, depois uma
igreja foi formada. O culto de inauguraçăo foi dirigido pelo pastor
J. B. Frame, e no dia seguinte um sermăo foi pregado pelo Reitor
MacGregor da Faculdade Dunoon sobre as palavras: "Houve
um homem enviado por Deus cujo nome era Joăo" (Joăo 1.6). A
passagem
deve ter provocado sorrisos, mas era muito adequada à ocasiăo.
Naquele salăo estava um homem que sem dúvida alguma, como
resultados futuros provaram, foi enviado por Deus, e seu nome era
Joăo (John). É maravilhoso ser enviado de Deus. As referências que
tinha consigo eram os sinais de que Deus já o moldara. Ele năo
tinha outras. Mas essas eram suficientes para incentivar a certeza de
que Deus o enviara.
Apesar
de jovem na idade, ele já tinha um histórico confiável. O selo de
Deus foi colocado na sua obra nos diversos lugares onde ele deu um
bom testemunho, e agora em meio a uma multidăo acreditava-se que
seria mais útil do que nunca. Essas esperanças năo foram
desmentidas. Quando Deus envia um homem Ele proporciona toda a graça
necessária. Ele năo deixa nada de bom faltar para aqueles que andam
corretamente no caminho da obra à qual Ele os chama. Homens enviados
por Deus com uma mensagem do Evangelho săo guardiơes de um poder
que converte pecadores do erro dos seus caminhos.
Mas
se os homens saem antes de Deus enviá-los, tais resultados năo
aparecem. Na época de Jeremias, Deus reclamou através dele daqueles
que "falam
as visơes do seu coraçăo, năo o que vem da boca do Senhor"
(Jeremias
23.16). Sobre eles disse: "Năo mandei esses profetas; todavia,
eles foram correndo, năo lhes falei a eles, contudo, profetizaram.
Mas, se tivessem estado no meu conselho, entăo, teriam feito ouvir
as minhas palavras ao meu povo e o teriam feito voltar do seu mau
caminho e da maldade das suas açơes" (Jeremias 23.21-22). Essa
é uma descriçăo dos homens que năo săo enviados. Eles năo estăo
no conselho de Deus. Năo afastam as pessoas dos seus maus caminhos,
e das suas açơes malignas.
Um
homem enviado por Deus proclamará a Palavra de Deus. Năo declarará
uma visăo do seu próprio coraçăo. O resultado será que os homens
abandonarăo seus caminhos maus, e se prostrarăo em arrependimento e
adoraçăo aos pés dEle, que foi crucificado, mas que agora é o
Salvador glorificado. Sob John Harper os homens abandonaram seus
caminhos maus e suas obras más. Eles renegaram a impureza e seguiram
a santidade sem a qual ninguém verá o Senhor.
Poderia
parecer um evento sem importância para alguns a consagraçăo
daquele jovem para o ministério de Deus naquele dia. Mas centenas e
centenas de pessoas têm razăo para agradecer a Deus por terem visto
sua face, ou ouvido sua voz. Durante cerca de dezoito meses ele se
esforçou sem cessar em Govan, trabalhando, orando, pregando,
convidando, tocando os coraçơes e as vidas de alguns com seus
apelos sinceros, e reunindo à sua volta um pequeno grupo de homens e
mulheres que viram nele as marcas de um homem enviado por Deus.
"Pregando
Tudo o que Tinha Direito"
No
início do seu trabalho em Govan um dos membros de um conjunto
evangelístico foi enviado como representante da cidade para falar
num culto missionário em Govan. Quando chegou no cruzamento de
Govan, ele viu um jovem de pé "pregando tudo o que tinha
direito". "Quem é’?", perguntou a um homem que
estava com ele. "Esse é o pastor da Missăo Batista", foi
a resposta. A impressăo que ficou naquela noite, reforçada mais
tarde com conhecimento maior do jovem que estava "pregando tudo
o que tinha direito", segundo ele, levou-o a participar da
igreja quando ela foi formada, e fez dele um dos amigos mais leais do
Sr. Harper.
Depois
de um ano e meio de trabalho em Govan, Harper mudou-se para Gordon
Halls, na rua Paisley. Neste lugar, no dia 5 de setembro de 1897,
formou-se uma igreja com 25 membros, alguns dos quais vieram com ele
de Govan. A igreja foi chamada de Igreja Batista de Paisley Road, o
nome que ainda tem. Mas foi sugerido que deveria chamar-se Igreja
Memorial Harper (e agora ela é conhecida assim).
Homens
e mulheres de todas as idades juntaram-se ao jovem pastor, e sob a
sua liderança, a obra foi feita sem formalidades. Em todos os cultos
na igreja fazia-se o máximo para ganhar homens para Cristo. Do lado
de fora, eram feitas pregaçơes nas esquinas, nos portơes de
prédios públicos durante as refeiçơes, e sempre que houvesse
alguém para ouvir. A rede era lançada para todos os lados. O zelo e
o entusiasmo dos obreiros pareciam ilimitados. Almas foram ganhas, a
causa prosperava, o número de membros aumentava. A fé que age pelo
amor e é radiante de esperança, animou os obreiros, e os levou de
vitória em vitória sobre as forças da incredulidade.
Depois
de quatro anos em Gordon Halls, um terreno foi adquirido no distrito
de Plantation, e um galpăo de ferro, com capacidade para quinhentas
ou seiscentas pessoas, foi erguido. A obra foi transferida, tendo
esse local como centro, e do lado de dentro foram vistas maravilhas
do poder redentor de Deus. Uma fonte contínua de misericórdia para
perdoar jorrava nos cultos, e há seis anos atrás o prédio teve que
ser ampliado para dar espaço para as exigências crescentes da obra.
Ele fica no meio de uma populaçăo densa de trabalhadores. Ninguém,
por mais próximo da obra realizada jamais poderá saber
completamente quanto bem foi realizado pelo ministério de John
Harper.
"Aquele
Homem, o Sr. Harper, Estava Pregando na Esquina, e Eu Aceitei Jesus"
O
superintendente de um grande salăo evangelístico em Glasgow estava
visitando há algum tempo atrás um homem idoso em High Street, a
duas milhas de distâneia da Igreja de Paisley Road. Perguntaram ao
homem, que tinha 80 anos, se ele confiava em Jesus. Imediatamente ele
respondeu que sim. Quando perguntaram há quanto tempo ele confiava
no Salvador, ele disse: "Nove anos". "Quantos anos
você tinha, entăo?" "Tinha acabado de fazer 70 anos".
"E como isso aconteceu?" "Bem, eu estava passando em
Plantation, e aquele homem, o Sr. Harper, estava pregando na esquina,
e eu aceitei Jesus ali mesmo". Dentro e nos arredores do
distrito onde a igreja se situava, muitas casas foram abençoadas,
iluminadas, transformadas, pela pregaçăo do servo do Senhor, cujo
fim tantos lamentam. A igreja que foi formada com 25 membros tinha
quase 500 membros quando, depois de 13 anos de trabalho, ele foi, em
setembro de 1910, assumir os deveres do pastorado na Igreja de
Walworth Road em Londres. O culto de despedida foi inesquecível. O
galpăo de ferro, que tinha lugar para 900 pessoas, fora muito
pequeno para acomodar todos os que queriam assistir ao culto, e o
espaço de uma grande igreja na vizinhança foi graciosamente cedido
para a ocasiăo. Ela ficou lotada.
Uma
Dedicaçăo Intensa
Ele
sempre foi um pregador fervoroso. Nunca foi superficial. Nunca foi um
mero falador. Ele sempre foi um homem que fixava seu olhar na
necessidade de almas preciosas. Mas durante os últimos anos do seu
ministério em Glasgow, a sua pregaçăo parecia alcançar um novo
patamar. Havia uma dedicaçăo intensa que crescia com o passar dos
anos. Seu poder de pregaçăo certas vezes tinha algo extraordinário.
Năo era simplesmente quando fazia o apelo para os incrédulos se
reconciliarem com Deus, mas também quando exortava os filhos de Deus
a coisas maiores. Sem dúvida, como aqueles dentre nós que o
conheciam podem testemunhar, o desejo fervoroso e impetuoso que se
expressava nas suas pregaçơes públicas brotava das horas
prolongadas de oraçăo a que ele se dedicava. Ele era antes de mais
nada um homem de oraçăo. Quase um mês antes da sua morte, quando
estava em Glasgow para uma visita, ele passou meia hora tomando chá
com alguns de nós, e a última palavra que lembramos ter dito foi
que a necessidade de hoje era uma vida de oraçăo mais intensa.
Seu
breve ministério em Walworth Road foi claramente abençoado por
Deus. Melhoras foram feitas. O número de membros da igreja aumentou.
Tudo parecia prometedor. Novos laços de interesse se formaram. Novas
amizades foram feitas. Entăo veio o convite para dirigir cultos
especiais na Igreja Moody em Chicago durante o inverno passado.
Referências ao trabalho notável aparecem nas últimas páginas
deste livro.
Quando
voltou para Londres em janeiro, năo se achava que ele concordaria em
fazer outra visita tăo cedo como programou. Mas ele iria "no
começo de abril", nos disse duas semanas antes de partir. "Por
que vai voltar já’? Certamente năo é para dirigir cultos
especiais novamente?"... "Oh, năo", ele disse: "eu
vou dirigir os cultos normais na Igreja Moody, e falar em
conferências e outras reuniơes em outros lugares". Cheio de
esperanças ele embarcou no desventurado navio, e no caminho
encontrou o seu fim. E isso que devemos dizer? Năo é melhor
dizermos que ele encontrou o seu Senhor no caminho?
Naquela
noite de domingo, apenas uma hora ou duas antes do Titanic colidir
com o iceberg, ele olhou para o céu e vendo um brilho vermelho no
oeste, disse: "Vai fazer um belo dia amanhă". Sim, faria,
mas a beleza que ele veria năo era aquela à qual se referia quando
disse essas palavras. Ele veria a beleza do Salvador.
Depois
de pouco tempo de casado, ele perdeu a sua esposa no começo de 1906.
Sua filhinha, Nana, agora tem seis anos e alguns meses. A bênçăo
do Senhor certamente estará sobre aquela menininha órfă. "Pai
dos órfăos... é Deus em sua santa morada" (Salmo 68.5).
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